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Paulo M.

Paulo M. 27 anos. Estava em trabalho pelo centro de Ponta Delgada quando encontrei o Paulo. Perguntou-me logo se queria comprar um balão, mas respondi-lhe que não tinha filhos; “guardas para quando tiveres” diz ele, e aí soube que tinha encontrado o meu estranho. Contou-me que teve uma vida difícil, “vivi nas ruas dos 7 anos 17 anos, dormi em todos os lugares de Ponta Delgada, se quiseres digo-te quais são os melhores sítios para não se apanhar chuva”. A conversa foi interrompida por um cliente que era surdo, ao qual o Paulo respondeu em lingua gestual. Quando lhe perguntei como é que sabia lingua gestual, respondeu-me que a filha e a ex-mulher são surdas. “Depois de tudo o que passei, eu precisava de falar com a minha filha e com a minha esposa, é o melhor que tenho na vida”. Conta-me que sabe vários ofícios mas não consegue arranjar emprego porque não sabe ler nem escrever. “Faz por agora 8 meses que estou limpo, deixei a merda da heroína, estive em clínicas e consegui sair daquele inferno”, diz-me com um sorriso triunfante. Triste por não viver já com a esposa e com a filha, só pensa no dia 18 de Dezembro, dia em que vai para o Algarve trabalhar numa vacaria. “Tenho de pensar no futuro da minha filha, tenho de lhe dar sustento”. Obrigada Paulo por me contares a tua história e que nunca percas esse sorriso triunfante. 

Ponta Delgada. 8 de Dezembro de 2015.
Rui Soares

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